A segunda maior cheia do Rio Jaguari e suas consequências
Com 13,80 metros acima do nível normal, mais de 240 famílias já foram afetadas em Jaguari
O Rio Grande do Sul vem sofrendo um grande impacto por resultado do grande volume de chuvas que tiveram início na segunda-feira (29/04).
A situação deixa a população em alerta máximo, causando enchentes históricas em todo o território gaúcho.
Jaguari não é diferente, conforme dados oficiais da Defesa Civil do município, as 10h30min desta quinta-feira (03/05), o Rio Jaguari atingiu a marca de 13,80 metros acima do nível normal.
O número representa o maior já registrado nos últimos 40 anos, sendo que no ano de 1984 ano da maior enchente da história do município, o rio ultrapassou os 16 metros.
Mais de 500 pessoas, entre órgãos de segurança e voluntários, trabalham auxiliando na retirada dos afetados.
São no mínimo 240 famílias que já foram retiradas das suas residências, sendo mais de 1000 pessoas afetadas.
A maioria foi realocada em resistências de familiares e os demais encaminhados aos centros montados no município como o ginásio da Escola São José, Salão Paroquial e Jóquei Clube.
Os bairros mais afetados foram:
Consolata
Sagrado Coração de Jesus
Mauá
Cohab Ribeiro
Um fato ocorrido na manhã de hoje (03/05) chamou a atenção. O Exército Brasileiro teve de fazer uso de um veículo blindado MR Guarani, para a retirada de dois casais de suas residências, que acabaram ficando ilhados.
A Prefeitura de Jaguari emitiu nota de alerta urgente a população devido a suba excessiva do Rio Jaguari.
Por questões de segurança, o tráfego de pedestres e veículos sob a ponte e arredores foi temporariamente interrompido.
Volume de chuvas no RS supera a média para maio em quatro dias
O volume alarmante de chuva que caiu sobre o Rio Grande do Sul nos últimos quatro dias equivale a três vezes a média para esta época do ano, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Confira:
Santiago: 118,2 mm (média: 127 mm)
Santa Maria: 160,8 mm (média:137 mm)
Soledade: 215,8 mm (média:153 mm)
Serafina Correa: 194,0 mm (média: 150 mm)
Bento Gonçalves: 178,4 mm (média: 144 mm)
Ibirubá: 148,2 mm (média 142 mm)
São Vicente do Sul: 129,0 mm (média: 119 mm)
Tupaciretã: 113,0 mm (média: 126 mm)
Canela: 101,8 mm (média: 142 mm)
Volume de chuva no Rio Grande do Sul em 24 horas, entre 23h de 30/4/24 e 23h de 1/5/24, pela medição do Cemaden.
Soledade: 240 mm
Fontoura Xavier: 235 mm
Serafina Corrêa: 181 mm
Nova Palma: 176,8 mm
Santa Maria: 174,8 mm
Faxinal Do Soturno: 172,6 mm
Caxias Do Sul: 163 mm
Venâncio Aires: 127,4 mm
Lajeado: 124,2 mm
Estrela: 114 mm
Cruzeiro Do Sul: 111,2 mm
Itati: 105,75 mm
Alegrete: 102,6 mm
Alvorada: 101,6 mm
Teutônia: 100,4 mm
Morrinhos Do Sul: 98 mm
São Francisco De Paula: 96 mm
Caçapava Do Sul: 91 mm
Rio Taquari chega a mais de 30 metros
Atingida pelo ciclone seguido de enchente em setembro de 2023, o Vale do Taquari volta a sofrer com o impacto das enxurradas, tornando-se a região mais atingida do Rio Grande do Sul até este momento. Isto porque o Rio Taquari que percorre a Região dos Vales, passou dos 30 metros de altura e atingiu o maior nível da história.
A medição foi feita na madrugada desta quinta-feira (2) nas cidades de Lajeado e Estrela pelo Serviço Geológico do Brasil. O nível do rio chegou a 31,2 metros, maior do que o da enchente registrada em setembro de 2023, quando chegou a 29,5 metros, e a maior alta registrada até então, que era de 29,9 metros, em 1941.
Diante desta situação. a Defesa Civil orientou através de nota, a evacuação imediata da Região dos Vales, especificamente o Vale do Taquari. A recomendação é para os municípios de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado e Lajeado.
A soma de municípios atingidos diretamente já chega a 114, deixando cerca de 19 mil gaúchos em situação de calamidade, dos quais 3.416 ficaram desalojados e outros 1.072 estão em abrigos.
"Infelizmente, esse será o maior desastre que o nosso estado já enfrentou, maior que o do ano passado. A diferença do que aconteceu no ano passado, em setembro, no Vale do Taquari, é que nós tivemos uma enxurrada e, em seguida, o tempo nos deu condições de entrar em campo para salvar centenas de vidas. Nesse momento, nós estamos tendo muitas dificuldades operacionais para colocar as equipes em campo", alertou o Governador Eduardo Leite durante entrevista.
Até o momento são 60 estradas gaúchas bloqueadas por conta dos alagamentos e risco de deslizamento. Assim, a maioria dos resgates ocorre por via aérea.
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