Caso Miguel: Começa julgamento de mãe e madrasta pela morte de menino de 7 anos no Litoral do RS
Durante a manhã, são escolhidos os jurados que participarão do Conselho de Sentença. Rés mataram Miguel pois ele atrapalhava o relacionamento das duas
Começou, às 9h03 desta quinta-feira (4), o júri da mãe e da madrasta de Miguel dos Santos Rodrigues pela morte da criança. A sessão é realizada no Salão do Júri do Foro da Comarca de Tramandaí, no Litoral Norte do RS.
Segundo o Tribunal de Justiça do RS, a previsão é que o júri dure dois dias. A sessão começou com a escolha dos jurados. Logo depois, o delegado do caso, Antônio Ractz, começou o depoimento.
O crime chocou o país em 2021, quando a criança, de 7 anos, foi assassinada, segundo a acusação, porque atrapalharia o relacionamento entre a mãe, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, e a companheira dela à época, Bruna Nathiele Porto da Rosa.
O corpo de Miguel teria sido jogado em um rio de Imbé, na cidade onde a família morava, e nunca foi encontrado.
As duas rés estão presas preventivamente desde a época do crime.
No Tribunal do Júri, elas responderão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. As qualificadoras são motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a vítima.
O júri deve começar com depoimentos de nove testemunhas, cujos nomes não foram divulgados. Depois, as duas rés são interrogadas. A partir disso, tem início a argumentação de defesa e acusação. Por fim, o conselho de sentença, formado por sete jurados, define se as rés serão inocentadas ou condenadas.
Quando foi a morte
Na madrugada de 28 de julho de 2021, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues deu remédios ao filho Miguel e o colocou dentro de uma mala.
À época, em depoimento à polícia, ela informou não ter certeza se a criança estava viva ou morta.
De acordo com o delegado do caso, Antonio Carlos Ractz Júnior, "para fugir, com medo da polícia, [Yasmin] saiu de casa, pegando ruas de dentro, não as avenidas principais, levou a criança dentro de uma mala na beira do rio, e jogou o corpo. Repito, ela não tem convicção de que o filho estava morto".
Mãe relatou o desaparecimento
Na noite do dia 29 de julho de 2021, exatamente um dia após a morte de Miguel, Yasmin foi até a delegacia registrar o desaparecimento do filho.
Segundo Ractz, "ao anoitecer, a mãe dessa criança, com a sua companheira, procurou a DPPA de Tramandaí, a fim de registrar uma ocorrência policial de desaparecimento de seu filho".
No registro, ela "alegou que o filho havia desaparecido há dois dias e que ainda não havia procurado a polícia porque pesquisou no Google e viu que teria que aguardar 48h. E começou a apresentar uma série de contradições, o que levou desconfiança da Brigada Militar e Polícia Civil", disse o delegado.
Mãe e companheira envolvidas no crime
A investigação revelou que a mãe e a companheira, Bruna Nathiele Porto da Rosa, estavam envolvidas do crime.
Conforme a polícia, elas andaram cerca de 2 km, levando uma mala na qual estaria o corpo do menino.
Prisão
Em 29 de julho, Yasmin é presa suspeita de matar o filho de sete anos e jogar o corpo em um rio em Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. De acordo com a polícia, o menino vivia sob intensa tortura física e psicológica.
Um dia depois, a prisão foi convertida em preventiva e ela foi encaminhada ao Presídio de Torres. Segundo o delegado responsável pelo caso, Antonio Carlos Ractz, em depoimento à polícia, a mulher confessou o crime.
A companheira de Yasmin, Bruna Nathiele Porto da Rosa, também foi denunciada pelos mesmos crimes, respondendo por homicídio, tortura e ocultação de cadáver. As duas mulheres estão presas preventivamente desde então.
Após acesso e avaliação de imagens de câmera de segurança, a polícia divulgou os vídeos que mostram Yasmin e Bruna caminhando por ruas de Imbé, carregando uma mala.
Em um dos registros elas são identificadas fazendo o percurso contrário ao caminhado, porém, já sem a mala em mãos.
A perícia confirmou que o DNA encontrado dentro da mala era de Miguel, bem como o sangue identificado em uma camiseta e em uma corrente.
Desde o registro de desaparecimento de Miguel, os bombeiros fizeram buscas no Rio Tramandaí à procura do corpo do menino. Foram usadas motos-aquáticas, botes, lanchas e um drone para identificar os locais de mais difícil acesso.
Como havia bastante mata e vegetação costeira, que dificultavam as buscas, foi convocada uma equipe de mergulho.
Foram disparados alertas às embarcações para que ficassem atentas a algum sinal do corpo do garoto no mar. Os bombeiros fizeram varreduras nas praias e nas orlas de Capão da Canoa e Torres.
As buscas também foram realizadas por terra, em locais próximos de onde as duas mulheres passaram.
No dia 13 de setembro de 2021, com as possibilidades esgotadas, o delegado Antonio Carlos Ractz, comentou que não existiam mais razões técnicas para manter as buscas.
Até hoje, o corpo de Miguel não foi encontrado.
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