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Colheita da soja avança no RS, mas perda de qualidade castiga agricultor

Desafios vão desde a operação das máquinas em terras encharcadas até a comercialização da safra com alto teor de umidade, especialmente na Metade Sul

Foto: Ana Claudia Oliveira/Divulgação

Os agricultores da Metade Sul que estavam com a soja por colher quando teve início a tragédia climática do Rio Grande do Sul trabalham como podem para tentar salvar as lavouras que resistiram à chuva de maio. Localizados em parte da região Central e, principalmente, no Extremo Sul, na Campanha e na Fronteira Oeste, eles aproveitam as janelas do clima para buscar grãos que ainda possam ser aproveitados na safra 2023/2024.


Mesmo com poucas chances de rentabilizar a produção, os sojicultores elevaram o percentual da área colhida de 85%, em 16 de maio, para 94% no último dia 30, conforme a Emater/RS-Ascar. Os desafios de realizar a operação em uma terra encharcada passam por atolamentos e problemas mecânicos nas colheitadeiras e vão até dificuldades em manter as plataformas de corte rentes ao solo. Também há grande perda na qualidade devido ao alto grau de umidade em grãos ardidos, brotados, podres e germinados.


“Nenhuma empresa quer mais aceitar a soja que estamos colhendo, não está mais valendo a pena”, lamenta agricultora Graziele de Camargo, que integra o movimento SOS Agro RS. A iniciativa foi criada para socorrer os produtores atingidos pela catástrofe climática que começou em 29 de abril e conta com 2025 participantes.


O esforço segue para driblar os bloqueios nas estradas, com aumento dos custos operacionais e logísticos no envio das cargas para as unidades de secagem. As filas são extensas para descarregar os caminhões, que demoram a retornar às propriedades, onde são essenciais para a continuidade do processo.


“As cooperativas com unidades de recebimento nas regiões Central e Campanha têm transportado os grãos para realizar a secagem nas sedes localizadas no Planalto Médio em decorrência da alta demanda de tempo e de lenha para a combustão nos locais de colheita”, exemplifica a Emater/RS-Ascar.


Segundo a instituição, ainda há 125 mil hectares do grão por colher na região da Campanha, o que equivale a 37% da área cultivada. “Em Bagé, as cerealistas rejeitam soja com umidade acima de 25% devido à capacidade limitada de secagem, o que tem refletido em longas filas e na paralisação do recebimento”, detalha o último informativo conjuntural da agência. Já na Fronteira Oeste há cerca de 130 mil hectares (17% da área) para serem finalizados.


“Na regional de Santa Maria, restam cerca de 7% das lavouras a serem colhidas. Porém, é improvável que a operação seja realizada em razão da falta de dias secos consecutivos e da severa perda de qualidade da produção remanescente”, publicou a instituição.


No Extremo Sul do Estado, 64% da safra da oleaginosa foi concluída. No entanto, o tráfego de máquinas continua impossibilitado devido à continuidade da chuva e muitas lavouras permanecem alagadas. Em municípios como Santa Vitória do Palmar, por exemplo, ainda há plantações alagadas e o índice de perdas leva muitos agricultores a desistir da colheita


Médios produtores são os mais atingidos


Conforme levantamento do SOS Agro RS divulgado nesta semana, o prejuízo de 550 agricultores que responderam à primeira pesquisa do movimento realizada após a tragédia, está estimado em R$ 467,68 milhões. As perdas foram dimensionadas em um universo de 33,64 mil hectares, 46% dos quais cultivados com soja por médios produtores, que não têm armazéns e não sabe o que fazer com a soja sem qualidade que sai do campo.


“Isso é uma pequena realidade de 550 pessoas que responderam dentro do nosso grupo de 2025 pessoas e mostra como estamos nos sentindo agora: sem amparo, sem saber o que fazer, se vale a pena continuar, se vale a pena colher, estamos literalmente colocando fora o que estamos colhendo”, relata Gaziele.

Segundo Graziele, a média total do prejuízo entre todos os agricultores consultados é de R$ 500 mil. Em ordem decrescente, os danos foram relatados em São Gabriel, Restinga Seca, Cachoeira do Sul, Tupaciretã, Alegrete, Quevedos, Júlio de Castilhos, Santiago, São Sepé e Rosário do Sul.


Farsul estima perdas bilionárias


Endossado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o estudo apresenta perdas também em Bagé, Dom Pedrito, Pinheiro Machado, Pedras Altas, São Lourenço do Sul, Jaguarão, Rio Grande, Canguçu e Santana do Livramento. Na porção Noroeste e em menor grau, os prejuízos compartilhados pela amostragem estão em Soledade, Espumoso, Passo do Sobrado, São Francisco de Assis e Agudo. Perdas em outras regiões somaram 102 citações.


“As perdas somente dos que responderam à pesquisa é estimada em R$ 467 milhões, mas o número é muito maior do que esse. Pegamos os produtores que participaram da pesquisa, multiplicamos este valor com a análise de satélite do Serasa e fomos ver que o prejuízo somente das áreas inundadas é de quase R$ 3 bilhões”, acrescenta o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.

Fonte: Correio do Povo


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