Perdas na safra em Santiago já somam mais de R$ 288 milhões
O soja é o grão mais afetado até o momento; a estiagem gera prejuízos em no mínimo 58 mil hectares da leguminosa

A estiagem que atinge o Rio Grande do Sul já causa impactos significativos no setor agropecuário santiaguense. Segundo levantamento preliminar divulgado pelo escritório local da Emater/RS, com os prejuízos até o momento o setor primário contabiliza mais de R$ 288 milhões em perdas e a estimativa é de aumento nos próximos dias.
O engenheiro agrônomo Marcelo Steiner, chefe do escritório municipal, explica que "mesmo com ocorrências de chuvas em alguns pontos do município nesta semana, o panorama geral segue bastante
grave."
"As perdas seguem aumentando gradativamente conforme aumentam os dias sem chuvas significativas. Pode ser que com a chuva desta semana, ocorra uma melhora na condição, principalmente dos campos, com o rebrote destes." disse.
Marcelo comenta ainda que a área já plantada e danificada pela seca, é pouco provável que se recupere, porém o soja plantado mais tarde e que já está aflorando, pode registrar uma melhor produção.
"Para as culturas, as que já estão com presença de grãos, dificilmente haja recuperação, porém no soja por exemplo semeada no tarde, onde algumas áreas estão em floração, se seguirem as chuvas, pode ter, nesta áreas, uma produção melhor, mas ainda é muito cedo para ter esta certeza." ponderou o agrônomo.
Só para se ter noção, a média histórica de chuva entre os meses de Janeiro e Fevereiro em Santiago, sempre ultrapassou os 200mm. Até o dia 14 de fevereiro, somados os acumulados de ambos os meses, a Terra dos Poetas registrou pouco mais de 85mm neste ano (confira no gráfico abaixo).

O milho aparece como o segundo grão mais afetado pela estiagem. Segundo o levantamento prévio, mais de 1300 hectáres já foram atingidos e os prejuízos ultrapassam a casa dos R$ 3.4 milhões até o momento.
"As plantas já deveriam estar com mais de 2 metros de altura. Em algumas lavouras isto está entre 1m50cm até 1m60cm, o que se chama de “encurtamento de entre nós” justamente pela falta de umidade, refletindo em espigas menores e com menos grãos." disse Marcelo.
As demais culturas também acumulam prejuízos até o momento. Na produção de frutas e hortaliças o acumulado de perdas ultrapassa os R$ 300 mil e a produção animal (bovinicultura de corta e apicultura), R$ 86,5 milhões.
CONFIRA O PANORAMA ATUAL DAS SAFRAS EM SANTIAGO

RS TEM REGISTROS DE PERDA TOTAL EM LAVOURAS DE SOJA

Em ambito estadual, a estiagem tem causado perdas significativas nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul, especialmente em áreas semeadas em outubro. Em municípios como Coronel Barros, Joia e Boa Vista do Incra, no sul da região de Ijuí, a falta de chuvas resultou em perdas totais. Segundo a Emater-RS, a situação é crítica em diversas partes do estado, com volumes de precipitação de apenas 20 mm em janeiro, levando ao murchamento e morte de plantas em reboleira.
Até a primeira semana de fevereiro 42% das lavouras estavam em floração e outros 42% em enchimento de grãos, avanço acelerado em relação à semana anterior (41% e 29%, respectivamente). A parcela em germinação ou desenvolvimento vegetativo caiu de 30% para 16% no mesmo período, ritmo inferior ao de 2024, quando 37% ainda estavam em fase vegetativa nesta época.
Em Santa Rosa, técnicos relatam danos irreversíveis, independentemente da época de semeadura, agravados pela baixa cobertura de seguros agrícolas devido a restrições e custos elevados. Na Campanha, o porte das plantas segue abaixo do esperado, com entrelinhas apenas parcialmente fechadas, mesmo nas áreas em floração.
Apesar da área plantada de soja no estado ter crescido 1,54%, atingindo 6,81 milhões de hectares, e da expectativa inicial de produtividade ser 13,17% maior (3.179 kg/ha), as condições climáticas adversas ameaçam esse potencial. O tempo quente e seco tem favorecido ataques de ácaros e tripes em áreas com umidade residual. Em São Borja, produtores recorrem a fertilizantes foliares e bioinsumos para amenizar os efeitos da seca.
Regiões mais afetadas
Na região de Ijuí, cerca de 50% da área ao centro-norte apresenta impacto moderado, enquanto ao sul, as perdas são totais em lavouras semeadas em outubro. No Baixo Vale do Rio Pardo e Centro Serra, a escassez hídrica afeta lavouras na fase reprodutiva. No Alto da Serra do Botucaraí, as chuvas foram mais frequentes, mas com volumes variáveis.
Fonte: Emater/RS

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