PMs que colocaram sacola na cabeça de mulher no RS são indiciados por tortura e extorsão
Corregedoria-geral da BM identificou mais de 10 transgressões disciplinares cometidas pelos soldados
Os dois policiais militares que colocaram uma sacola na cabeça de uma mulher durante uma abordagem em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, foram indiciados por tortura e extorsão, nesta sexta-feira (6).
A conclusão do Inquérito Policial Militar sobre a conduta dos soldados João Victor Alves Viana e Leanderson Alves da Silva foi adiantada à reportagem da RBS TV. Eles eram lotados no 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e estão presos desde a manhã de quarta-feira (4).
O advogado Jair Canalle, que trabalha para Leanderson, informou que pedirá a soltura do seu cliente. Vinicius Vargas, que representa João Victor, afirmou que só vai se manifestar depois de ter acesso ao conteúdo da investigação.
A BM determinou abertura de procedimento para exclusão dos dois soldados da corporação. Após análise do caso, a Corregedoria-Geral da Brigada Militar (BM) identificou mais de 10 transgressões disciplinares cometidas pelos PMs, especialmente violações sobre Direitos Humanos e ao manual de abordagem.
O indiciamento por tortura se deu porque, além da sacola colocada na cabeça, a mulher relatou que ela e o marido foram agredidos e ameaçados pelos policiais. O indiciamento por extorsão ocorreu em razão da vítima ter relatado que os PMs levaram R$ 250 do bar em que ocorreu a abordagem.
Entenda
O caso ocorreu no bar do marido da mulher. Segundo testemunhas, os policiais fecharam as portas do estabelecimento e perguntaram onde estariam as drogas. Em seguida, começaram as agressões.
Do lado de fora do estabelecimento, uma pessoa gravou a ação dos policiais. As imagens mostram quando um PM coloca um saco na cabeça da mulher. O marido dela está ao lado, no chão, algemado.
Os PMs foram afastados do policiamento das ruas e estão em atividades administrativas no batalhão de Novo Hamburgo. Na segunda-feira (2), eles ficaram em silêncio durante o depoimento à Corregedoria.
Os dois soldados foram detidos no fim da manhã de quarta-feira (4). Na quinta (5), foi publicada no Diário Oficial do Estado a determinação do afastamento dos dois PMs.
A Secretaria de Segurança Pública deve anunciar medidas internas para redução de casos de violência policial após uma série de casos recentes que vieram à imprensa. Ente eles, o assassinato de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, em uma abordagem da Brigada Militar de São Gabriel, em agosto de 2022.
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