Polícia Civil prende 60 pessoas em operação contra facções no RS e SC
Facção com base no Vale do Sinos e quadrilha criada em Porto Alegre são alvo da Operação Art Ink II
Mais de 500 policiais civis integram a Operação Art Ink II, deflagrada nesta quinta-feira contra duas facções gaúchas. São cumpridos 93 mandados de prisão, 114 ordens de busca e apreensão, sequestro de 22 veículos e o bloqueio de 17 contas bancárias, em Porto Alegre, região Metropolitana, Vale do Sinos, litoral Norte e em Santa Catarina. Até o momento, 60 pessoas foram presas e três armas de fogo, apreendidas.
A ofensiva é coordenada pela 4° Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (4ª DIN/Denarc). Os agentes cumprem diligências em Porto Alegre, Sapucaia, Esteio, Parobé, Estância Velha, Novo Hamburgo, Campo Bom, São Leopoldo, Alvorada, Canoas, São Sebastião do Caí, Tramandaí, Xangri-lá, Torres. Em Santa Catarina, a ação ocorrem em Itapema, na localidade conhecida como Meia Praia, e em Itajaí.
De acordo com a corporação, os suspeitos obedeciam a um “estatuto” do crime organizado. O documento, localizado em um celular, estabelecia regras para compra, venda e distribuição de drogas em pontos de tráfico. Além disso, o esquema ainda incluía a obrigatoriedade de contribuição mensal para financiar advogados e comprar armamento.
O principal alvo da operação é um grupo com base no Vale do Sinos. Um criminoso conhecido como Benhur, que seria uma das lideranças do bando, teve mandado de prisão expedido pela Justiça. O homem de 31 anos está foragido há quase um mês, quando recebeu benefício de cumprir pena em prisão domiciliar e fugiu, após romper a tornozeleira eletrônica.
Outro líder da facção seria um detento, de 36 anos, que está recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Conhecido como Marizan ou Maria, ele teve nova ordem de prisão decretada.
Uma segunda organização criminosa, conhecida como Família do Sul, também está na mira da ação. A quadrilha é fruto da união de traficantes das zonas Norte e Sul da Capital. O chefe do grupo, que responde por Nego Jackson, também está preso na Pasc. Mesmo detido, ele ainda recebeu outra ordem de prisão.
Como funcionava o esquema
O começo da investigação ocorreu em outubro de 2023, quando deflagrada a primeira fase da Operação Art Ink. Na ocasião, em Sapucaia do Sul, foram apreendidos 11 quilos de cocaína e duas pessoas foram detidas. Um dos presos foi um homem de 38 anos, proprietário de um estúdio de tatuagem que tem o mesmo nome da operação.
A apuração do Denarc revelou que o tatuador era considerado líder regional de uma facção com base no Vale do Sinos. Ele é suspeito de atuar como gerente do tráfico, além de armazenar e distribuir drogas para o grupo na região Metropolitana.
Foi constatado também que o tatuador, a esposa e o sogro dele administravam duas telentregas de entorpecentes. A companheira dele também ocuparia posição elevada na hierarquia do crime organizado.
Uma perícia no celular da mulher localizou um “estatuto” da facção. O documento, além de expor regras e valores a serem seguidos pelos membros, ainda prevê pagamento mensal para a compra de armamento e financiamento de advogados para a defesa dos integrantes.
O código de normas também definia que um traficante só pode vender entorpecentes em determinada região mediante autorização das lideranças do grupo. Em casos de infração do estatuto, o texto previa punições que podiam ir desde o veto de vender drogas – temporariamente ou permanentemente – até uma possível execução.
Ainda ficava estabelecido que a facção do Vale do Sinos atuaria com exclusividade na distribuição de drogas para todos os traficantes em sua área de atuação. A regra também seria válida para membros de outros grupos criminosos que participavam do esquema, como é o caso da quadrilha denominada Família do Sul.
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