Com alta da demanda, retorno do horário de verão volta a ser discutido
- Saimon Ferreira

- 11 de jul.
- 3 min de leitura
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomenda a volta do horário de verão para mitigar riscos de déficit de energia durante picos de consumo

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) manifestou, durante a mais recente reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), a necessidade de restabelecer o horário de verão a partir do final deste ano. A prática, que consiste em adiantar os relógios em uma hora e que foi suspensa em 2019, é vista como uma ferramenta eficaz para enfrentar os desafios energéticos que o Brasil poderá enfrentar nos próximos meses.
Com a chegada do período seco, que se estende geralmente de março a abril, e que pode se prolongar até novembro dependendo das condições climáticas, o ONS alerta para a importância da adoção de medidas que ajudem a minimizar a escassez de energia. O baixo nível de chuvas impacta diretamente a capacidade dos reservatórios, tornando a situação ainda mais crítica. Vale lembrar que em 2022, uma recomendação semelhante foi feita pelo ONS, mas a proposta foi rejeitada pelo governo federal.
Em comunicado, o ONS enfatizou que a decisão de implementar o horário de verão é uma escolha política, cabendo ao governo determinar sua efetividade. Porém, também foi destacado que, com base nas projeções de consumo para os meses seguintes, a indicação do horário de verão poderá ser tratada como uma ação essencial para garantir a estabilidade da oferta de energia.
O Comitê de Monitoramento conta com a participação de representantes de várias instituições, incluindo o Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), entre outros. Além da reinstauração do horário de verão, o ONS sugeriu uma série de outras medidas, como a antecipação da operação de usinas térmicas que foram contratadas no leilão de reserva de capacidade de 2021. Essas usinas estavam programadas para iniciar suas operações apenas em 2026, mas a expectativa é que possam fornecer cerca de 2 GW a partir de agosto de 2025.
Outra recomendação envolve a preservação dos recursos hídricos e a conclusão de quatro linhas de transmissão que têm previsão de entrega para o próximo ano. O ONS afirmou que a discussão sobre essas questões foi gerada após a apresentação do Plano da Operação Energética para o período de 2025 a 2029. Esse documento prevê um crescimento na demanda de energia de 14,1% nos próximos cinco anos, com uma média de 3,4% ao ano, atingindo cerca de 94,6 GW médios em 2029. Este cálculo já inclui a micro e minigeração distribuída (MMGD), com um destaque para o aumento da utilização de painéis solares.
A micro e minigeração distribuída, que deve representar 32,9% da matriz elétrica em 2029, mostra como as fontes renováveis estão se tornando cada vez mais importantes para atender à demanda. Márcio Rea, diretor-geral do ONS, ressaltou a necessidade urgente de flexibilidade no sistema de energia, mencionando que o aumento do despacho de termelétricas será essencial no segundo semestre, especialmente a partir de outubro.
Zucarato, diretor de Planejamento do ONS, expressou preocupação com a situação do atendimento durante os horários de pico de consumo, alertando para o aprofundamento do déficit estrutural. Para ele, é crucial organizar leilões anuais que visem contratar mais recursos e ampliar a oferta durante esses momentos críticos.
A economista Clarice Ferraz, diretora do Instituto Ilumina, apoiou o pleito do ONS, afirmando que a segurança energética é uma prioridade. Ela observou que a expansão da geração de energia tem sido desproporcional, com 80% do crescimento vindo de fontes não controláveis. A proposta de retomar o horário de verão, segundo Ferraz, poderia maximizar a utilização da energia solar, permitindo um melhor aproveitamento da luz solar, especialmente no período que antecede o pico de consumo no final do dia.
Diante dessas considerações, o ONS se posiciona como um player fundamental na discussão sobre o futuro energético do Brasil, buscando soluções que garantam a segurança e a eficiência do sistema elétrico nacional.






























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