Comunidade de Nova Esperança do Sul cobra explicações após transferência inesperada de padre
- Saimon Ferreira

- há 36 minutos
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Fiéis contestam decisão da Arquidiocese de Santa Maria e temem fechamento de capelas e suspensão de celebrações religiosas

A comunidade católica de Nova Esperança do Sul vive dias de incerteza e indignação após o anúncio inesperado da transferência do Padre Darcione Dias Martins, oficializada pela Arquidiocese de Santa Maria.
O comunicado surpreendeu fiéis e lideranças locais, que afirmam não ter recebido qualquer justificativa oficial para a decisão. Há seis anos à frente da paróquia, Padre Darcione é reconhecido por sua forte atuação comunitária e por coordenar importantes melhorias no município, como a reforma da gruta de Nossa Senhora de Fátima, intervenções na igreja matriz e obras em diversas capelas do interior.

A notícia de sua saída mobilizou rapidamente a população, que passou a manifestar sua insatisfação nas redes sociais. De acordo com relatos enviados à nossa reportagem, os fiéis temem que, com a mudança, todas as capelas do município sejam fechadas e que a administração religiosa passe a ser conduzida pela paróquia de Jaguari, o que, segundo eles, deixaria Nova Esperança do Sul “desassistida” de missas, batizados, eucaristias e outras celebrações que tradicionalmente reúnem grande público.
Em várias manifestações, fiéis afirmam que a decisão teria sido “arbitrária” e “imposta” pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Leomar Antônio Brustolin, sem diálogo prévio com a comunidade. Uma das paroquianas resumiu o sentimento de frustração em uma publicação:
“Infelizmente teremos que aceitar essa triste decisão… não somos ouvidos. […] Acreditamos na fé, mas muitos de nós íamos à igreja também pelo querido Padre Darcione, que fez uma revolução na Igreja Católica de Nova Esperança do Sul. […] Deixo registrada minha enorme indignação e repúdio a essa decisão sem fundamento. […] Padre Darcione deixará um legado grandioso e sempre será lembrado com carinho.”



Diante da repercussão, líderes comunitários informaram à reportagem que se organizaram para ir até Santa Maria a fim de buscar diálogo direto com o arcebispo e tentar reverter a transferência.
O prefeito municipal, Ivori Guasso Jr., também demonstrou surpresa ao ser informado da mudança e afirmou que o município fará o possível para manter o sacerdote na cidade.
“Padre Darcione tinha uma integração muito grande com a comunidade. Tentaremos uma reversão. O trabalho que ele tem feito aqui é fantástico. A Igreja Católica nunca esteve tão organizada, mobilizada e inserida na comunidade como agora”, declarou o prefeito.

Nossa reportagem entrou em contato com o Arcebispado de Santa Maria em busca de um posicionamento oficial. A assessoria informou que Dom Leomar está em reunião fora da cidade.
Através do whatsapp nos foi informado que tais trasferências sempre são praticadas entre as igrejas e que a comunidade não pode classificar como surpresa tal decisão, confira o texto abaixo. "Boa tarde. As transferências de padres são práticas normais na vida da Igreja e fazem parte da missão itinerante própria do ministério presbiteral. Nenhuma comunidade pode se dizer “surpreendida”: pois todo sacerdote sabe que, ao ser ordenado, se coloca à disposição da Igreja onde for necessário. Bispos , padres e diáconos se colocam totalmente à disposição da Igreja e isso é parte de suas promessas .A Arquidiocese age sempre com serenidade, diálogo e discernimento pastoral, buscando o bem das comunidades e dos próprios padres."

ARQUEDIOCESE DE SANTA MARIA JÁ HAVIA ENDURECIDO NORMAS PARA O JUBILEU 2025
Em 16 de novembro, um anúncio feito pelo Arcebispo de Santa Maria, Dom Leomar Antônio Brustolin, sobre a proibição de bailes e da venda de bebidas alcoólicas em todos os eventos da Igreja durante o Ano Jubilar 2025, já havia sido alvo de criticas.
Em 20 de outubro, durante uma missa, o arcebispo criticou publicamente festas paroquiais com consumo de álcool, brigas e “músicas bagaceiras”, gerando forte repercussão após a divulgação do vídeo nas redes sociais.
Ao oficializar as medidas, dom Leomar afirmou que o objetivo era alinhar a arquidiocese ao espírito da Bula do Jubileu da Esperança, priorizando um tempo de sobriedade e renovação espiritual. Ele orientou as paróquias a reforçarem celebrações penitenciais e pequenos grupos de fé.
A decisão, embora contestada por parte das comunidades, recebeu apoio do clero em nota publicada em 6 de novembro, que destacou tratar-se de uma postura conjunta para preservar a sacralidade das celebrações e garantir que o Jubileu 2025 fosse vivido com foco no Evangelho.






























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