"Não sou um monstro", diz homem que confessou ter cortado patas de cavalo em São Paulo
- Saimon Ferreira
- há 5 dias
- 3 min de leitura
Andrey Guilherme Nogueira de Queiroz, de 21 anos, afirmou que o animal já estava morto quando ele desferiu os golpes; uma nova perícia será realizada nesta quarta-feira (20) para detalhar o caso

O homem que está sendo investigado por cortar as patas de um cavalo em Bananal, no interior de São Paulo, admitiu o fato, mas disse que desferiu os golpes contra o animal quando ele já estava morto.
A ocorrência foi registrada no sábado (16), durante uma cavalgada de 14 quilômetros na zona rural do município, e ganhou repercussão após imagens circularem nas redes sociais.
Em entrevista à Rede Vanguarda, afiliada da Globo, o investigado Andrey Guilherme Nogueira de Queiroz, 21 anos, alegou que estava embriagado quando usou um facão para atingir o cavalo.
— Não foi uma decisão (cortar as patas do cavalo). Foi um ato de transtorno. Em um momento embriagado, transtornado, eu peguei e cortei, por cortar. Foi um ato cruel. Estava com álcool no corpo. Não é culpa da bebida. É culpa minha. Eu reconheço os meus erros — disse.
O rapaz também contestou versões divulgadas nas redes, que afirmam que o animal ainda estaria vivo quando foi golpeado.
— Muitas pessoas falaram que cortei as quatro e com ele andando. Isso é uma crítica contra mim. Estão me acusando de um ato que eu não fiz. Muitas pessoas estão me julgando e falando que eu sou um monstro. Eu não sou um monstro. Eu sou nascido e criado no ramo de cavalo, mexo com boi, tenho o apelido de boiadeiro — afirmou.

Perícia vai pontar se o cavalo estava vivo ou morto
Nesta quarta-feira (20), será realizada uma nova perícia em Bananal. Agentes da Polícia Civil e veterinários devem trabalhar para tentar descobrir se o cavalo já estava morto quando teve as patas cortadas — ou se morreu após o ato.
Caso foi registrado como maus-tratos
Uma testemunha ouvida pela Polícia Civil relatou que o cavalo branco parou durante a cavalgada, deitou no chão e respirava com dificuldade até morrer.
Nesse momento, segundo o depoimento, Andrey retirou um facão da cintura e cortou uma das patas do animal. O boletim de ocorrência registra que, em seguida, o cavalo foi arrastado para outro ponto, o que atrapalhou a análise das circunstâncias da morte.
O caso foi registrado como maus-tratos, com agravante pela morte do animal, e segue em investigação. Mas, até o momento, ninguém foi preso.
A prática de maus-tratos contra animais está prevista no artigo 32 da Lei nº 9.605/1998. O dispositivo legal define como crime abusar, ferir, mutilar ou praticar atos de crueldade contra animais, com pena de três meses a um ano de detenção, além de multa. A sanção pode ser aumentada quando a violência resulta em morte.
Repercussão nas redes
O episódio provocou indignação entre internautas e artistas. Famosos como a cantora Ana Castela e a ativista Luísa Mell cobraram punição.
"Monstros! Como pode? Pelo amor de Deus. Exigimos punição! Estes covardes têm que pagar! Cortaram as patas de um cavalo simplesmente porque ele não aguentava mais andar", disse a publicação de Luisa.
Após a publicação da ativista, Paolla Oliveira, que atua como Heleninha em Vale Tudo — e que soma mais de 38 milhões de seguidores no Instagram, também prestou apoio e pediu que autoridades sigam investigando o caso.
Em entrevista, Andrey afirmou estar arrependido. O jovem também criticou a divulgação das imagens:
— Eu sou consciente dos meus atos. Eu amo os animais, sempre mexi com cavalo. Não tinha necessidade de a pessoa ter jogado isso na rede. Muitas pessoas não mereciam ver esse ato.
Entenda o caso
O crime foi denunciado para a polícia no último sábado (16), em Bananal. O cavalo, que participava de uma cavalgada, teria se deitado após apresentar sinais de exaustão.
Uma testemunha afirmou que o tutor disse: "Se você tem coração, melhor não olhar" antes de golpear o cavalo com um facão. A versão do investigado é de que a mutilação só aconteceu depois da morte do animal.
Por meio de nota, a Prefeitura de Bananal disse ter tomado conhecimento do caso por meio das imagens e afirmou que colabora com as investigações.
“Assim que fomos informados, encaminhamos o caso imediatamente à Delegacia de Polícia e Polícia Ambiental para apuração dos fatos, identificação e punição dos responsáveis. A Prefeitura repudia qualquer ato de crueldade contra os animais e reforça seu compromisso em zelar pelo bem-estar de todos, trabalhando em conjunto com os órgãos competentes para que casos como este não fiquem impunes”, diz um trecho da nota.
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