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“O estudo era um sonho”: idosa de 73 anos defende TCC e conquista nota máxima na Furg

  • Foto do escritor: Saimon Ferreira
    Saimon Ferreira
  • há 5 dias
  • 2 min de leitura

Aos 73 anos, Maria Clair Alves concluiu Trabalho de Conclusão com projeto sobre liberdade, metamorfose e a força da criação na maturidade

Foto: Laura Cosme
Foto: Laura Cosme

Aos 73 anos, Maria Clair Alves se tornou a pessoa mais velha a defender um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Rio Grande (Furg). Com o projeto “Metamorfose na maturidade: o fio do crochê como poética artística da liberdade”, a estudante recebeu nota 10 e celebrou mais uma etapa de seu bacharelado.


A defesa ocorreu na tarde desta segunda-feira (8), no Auditório do Instituto de Letras e Artes Visuais da Furg, no Campus Carreiros, e reuniu familiares, amigos e professores.


Emocionada, Maria Clair contou que defender o TCC foi a realização de um desejo guardado por décadas.


— Foi difícil, teve várias vezes que pensei em desistir, mas eu consegui. Quis trazer a ideia da borboleta, da metamorfose, porque a mulher pode sempre se transformar e ser o que quiser. Eu me transformei, estou aqui, com sentimento de dever cumprido. Agora vou comemorar e beber uma cervejinha — disse, sorrindo.


Uma trajetória marcada pela persistência


A formatura está prevista para 2026, mas a relação de Maria com a educação começou muito antes. Na infância, ela teve pouco acesso à escola e estudou apenas até a terceira série. Voltou aos estudos depois dos 50 anos.


— O estudo não era uma necessidade, era um sonho. E agora estou tendo a oportunidade de realizá-lo — afirma.


Toda sua formação ocorreu em escolas públicas. Ela concluiu o ensino fundamental pelo EJA, na Escola Municipal São João Baptista, e o ensino médio na Escola Júlia Nahuys Coelho. Após fazer o Enem em 2014 e participar do Sisu no ano seguinte, foi aprovada em sua segunda opção: Artes Visuais.


Planos e vínculo com a universidade


Mesmo afirmando que não tem planos imediatos de cursar mestrado, Maria não quer se afastar da vida acadêmica. Ela participa do projeto de extensão “Crochê da Vovó”, no qual o trabalho artesanal é levado às escolas e instituições da cidade.


— Quero seguir levando conhecimento e aprendendo também. O crochê, para mim, é mais que técnica: é troca, é afeto, é transformação — comenta.


Acolhimento e desafios


Maria conta que se sentiu acolhida no curso, apesar das dificuldades tecnológicas, comuns a estudantes que retomam os estudos mais tarde.


— Pelos professores, sou tratada como qualquer acadêmica. E pelos colegas… melhor impossível. Sou recebida com abraços, carinho e muito respeito — relata.


Mas ela também enfrentou situações de preconceito.


— Para alguns, mulher idosa significa incapacidade. Ouvi que eu estava “tirando a vaga de um jovem”. Mas aquele é o meu lugar. Não somos incapazes — muito pelo contrário — afirma.


Arte como metamorfose


A parte prática do TCC — uma série de borboletas de crochê criadas pela estudante — está exposta no corredor do prédio das Artes, no Campus Carreiros.


Atualmente, a Furg conta com 89 estudantes idosos distribuídos pelos campi Carreiros, São Lourenço, Santa Vitória do Palmar e Santo Antônio da Patrulha.


Fonte: GZH

 
 
 

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