Panela de cerâmica encontrada em São Luiz Gonzaga pode ter 2 mil anos
- Saimon Ferreira
- 12 de ago.
- 2 min de leitura
Artefato é conhecido como Yapepo, peça de origem guarani utilizada no preparo de alimentos. Descoberta foi divulgada na última semana

Uma inspeção de rotina acabou revelando um tesouro arqueológico em São Luiz Gonzaga, no noroeste gaúcho, no fim de julho. Trata-se de uma Yapepo, panela de origem guarani utilizada no preparo de alimentos, que pode ter 2 mil anos de idade.
A peça foi encontrada durante inspeção técnica para liberar uma obra no centro da cidade, seguindo uma exigência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O local fica próximo a Praça Matriz, região do sítio arqueológico onde no passado ficavam casas indígenas.
Conforme a arqueóloga da município e coordenadora do Museu Arqueológico de São Luiz Gonzaga, Raquel Rech, o artefato pode ter pertencido tanto às reduções jesuíticas, de 338 anos atrás, quanto do período pré-colonial.
As características do objeto, porém, levam a equipe a acreditar que é muito mais antigo que os artefatos produzidos por indígenas catequizados por jesuítas na região, como explica:
— Nos deparamos com um material diferenciado. Tem uma decoração ondulada do lado externo que não é conhecido por aqui, é típico das cerâmicas da Região Amazônica. E é sabido que os guaranis "desceram" de lá até a nossa região há 2 mil anos, o que indica que essa peça pode ser dessa antiguidade.
Conforme a arqueóloga, antes do período jesuíta, o mais comum era que as cerâmicas fossem feitas à mão por indígenas mulheres, com detalhes à unha ou com palhas de milho.
Depois do contato com os jesuítas houve uma mudança na cultura e os homens também passaram a fazer as peças, torneando-as. Por isso, se for do período missioneiro, a peça deve ter em torno de 338 anos.
— Ela (a panela) é ondulada, mas tem um detalhe externo, na borda, serpentiforme, que remete a uma atividade dos primeiros tempos dos guaranis na região. Podemos estar com a cerâmica mais antiga do museu — disse.
Pesquisadores da área já estão em contato com a arqueóloga para ajudar na precisão da datação da peça. Após a curadoria, a cerâmica deve ser exposta no museu da cidade e integrar a programação dos 400 anos das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul, previsto para maio de 2026.
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