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Policial pula de ponte para salvar o próprio filho e o sogro em São Gabriel

  • Foto do escritor: Saimon Ferreira
    Saimon Ferreira
  • há 11 horas
  • 3 min de leitura

A família do soldado Rafael Saidelles Martins, 43 anos, viajava dividida em dois automóveis quando um dos veículos caiu de cima da estrutura e virou, ficando com a cabine submersa na água

Fotos: Arquivo Pessoal
Fotos: Arquivo Pessoal

O que era para ser um simples retorno para casa após um final de semana de descanso se tornou um momento de tensão extrema, porém com um desfecho feliz. No início da noite do último domingo (1º), Rafael Saidelles Martins, 43 anos, precisou pular da Ponte do Pedroso, em São Gabriel, para salvar seu filho mais velho e o sogro, após o carro em que estavam cair da estrutura e ficar submerso na água.


Segundo Saidelles, que é soldado da Brigada Militar do município, a família estava dividida em dois automóveis. Enquanto o sogro Milton Henriques, 72 anos e o filho mais velho, Milton Martins, 16, iam em uma caminhonete na frente, ele, a sogra, a esposa e os outros dois filhos mais novos estavam atrás, em um carro. Ao passarem pelo local, a caminhonete caiu de cima da estrutura e virou, ficando com a cabine submersa na água:


–  Para entrar na ponte, precisa fazer uma curva e aí ingressar na estrutura. A caminhonete entrou reto e caiu na água. A ponte é de madeira e sem sinalização. Eu saí correndo do carro e vi que o carro estava caído e virado, lá embaixo, com as rodas para cima. 

Foi neste momento que a adrenalina tomou conta e o desejo de salvar seu filho e o sogro falou mais alto que o frio e as dificuldades impostas pela situação. Saidelles pulou da ponte, sozinho, e caiu em cima do automóvel:


– Achei que a altura da ponte seria mais baixa. Mas isso foi em frações de segundos, não dá tempo de pensar muito, tem que agir, tomar uma decisão. Quando eu caí, senti o impacto no joelho, rolei por cima do veículo e entrei na água. Um dos vidros traseiros estourou com o impacto da queda, começou a entrar água na cabine e as portas estavam trancadas. Eu não tinha muito tempo para salvar os dois. Só Deus mesmo me deu força para conseguir puxar uma das portas, abrir uma fresta e mergulhar. 

A primeira pessoa a ser salva foi o sogro de Rafael, que, além dos ferimentos, estava engolindo água. Era necessário encarar a noite, o frio e as dores dos ferimentos para realizar o resgate.


– Meu sogro ficou com a cintura presa na direção, não conseguia sair sozinho da caminhonete. Quando puxei pelo pescoço, ele voltou a si, pois tinha engolido água. Na sequência, fui atrás do meu filho. Comecei a gritar pelo nome dele e ele respondeu "estou bem, salva meu vô". De dentro, ele empurrou a porta e conseguimos abrir. Juntos, conseguimos tirar o avô dele do veículo também. Os dois são muito apegados – relata.
Foto: Redes Sociais
Foto: Redes Sociais

Enquanto isso, a esposa de Saidelles, com uma lanterna, de cima da ponte, tentava prestar auxílio com iluminação. Com o passar do tempo, pessoas que passavam pelo local pararam para ajudar e assim, os três saíram da água. Uma guarnição da Brigada Militar e uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados e os todos foram levados para a Santa Casa de Caridade de São Gabriel.


No hospital, Milton Henriques precisou levar pontos em uma das mãos e foi submetido a exames no pulmão e no peito. Já o adolescente alegava dores no peito e teve hipotermia, devido ao frio. Saidelles teve lesões no pé, antebraço, rompeu ligamentos do joelho esquerdo, além de algumas queimaduras na mão e nos dedos após tocar no cano de descarga do carro no momento do resgate. Ele também foi submetido a exames que não apontaram fraturas, mas ainda levará alguns dias para se recuperar. 


A sogra de Saidelles, em estado de choque com a situação, também precisou de atendimento médico. Já a caminhonete foi retirada do local na segunda-feira (2), por um guincho. 


– Foi um susto enorme. Se fosse outra pessoa na minha frente, não hesitaria em fazer o mesmo, foi no impulso, não pensei em mais nada. Sendo meu filho, fiquei ainda mais ansioso. O choque foi bem grande – conta.

Questionado se esse foi o resgate mais difícil nestes mais de 18 anos de serviços prestados à Brigada Militar, o militar responde:


– Já passei por resgates, ocorrências, pressões... posso dizer, sim, que essa foi a ocorrência mais complicada da minha carreira, sem dúvidas. Ver familiares naquela situação, é muito difícil. Eu fecho os olhos e lembro da imagem da caminhonete caindo da ponte. 

Em casa e se recuperando dos ferimentos, Saidelles agradece a Deus pelo final feliz da história.


– No final, deu tudo certo. Poderia ter sido uma tragédia, mas agradeço a Deus por nada de grave ter ocorrido. Se estou podendo contar essa história, é porque teve um final feliz – diz o policial militar. 

Texto: Maria Júlia Corrêa - Bei


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