Terremoto na região norte do Afeganistão deixa ao menos 20 mortos
- Saimon Ferreira

- 3 de nov.
- 2 min de leitura
Fornecimento de energia elétrica permanece interrompido em várias províncias

Pelo menos 20 pessoas morreram e mais de 530 ficaram feridas em um terremoto de 6,3 graus de magnitude que atingiu o norte do Afeganistão nesta segunda-feira (3). O tremor, que ocorreu dois meses após um sismo letal na região leste do país, teve seu epicentro em Kholm, na província de Samangan, com uma profundidade de 28 quilômetros, segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Danos estruturais e dificuldades na resposta
Em Mazar-i-Sharif, uma das maiores cidades do norte, na região de Balkh, a histórica mesquita azul, uma joia arquitetônica do século XV, sofreu danos significativos. Partes da estrutura, incluindo um de seus minaretes, desprenderam-se e ficaram espalhadas nas imediações do templo.
O Ministério da Defesa agiu para desobstruir e reabrir a estrada principal entre Mazar-i-Sharif e Kholm, que havia sido bloqueada por deslizamentos de terra, e resgatou pessoas presas durante a madrugada. No entanto, o fornecimento de energia elétrica permanece interrompido em várias províncias devido a danos nas linhas procedentes do Uzbequistão e do Tadjiquistão.
"Muitas casas foram destruídas e registramos perdas econômicas significativas", anunciou o porta-voz adjunto do governo talibã, Hamdullah Fitra, na rede social X. Ele informou que as autoridades competentes receberam ordens para "distribuir ajuda médica, alimentos e socorrer os afetados".
A resposta de emergência é dificultada pelas redes de comunicação deficientes e a falta de infraestrutura nas áreas montanhosas, fazendo com que as autoridades demorem horas ou dias para chegar a locais remotos.
País sísmico e crise humanitária
O Afeganistão é frequentemente abalado por terremotos, especialmente na cordilheira de Hindu Kush, que fica próxima à união das placas tectônicas eurasiática e indiana. Desde 1900, a região nordeste do país registrou 12 terremotos com magnitudes superiores a 7.
Em Mazar-i-Sharif, muitos moradores abandonaram suas casas com medo de novos desabamentos, e os tremores secundários foram sentidos até mesmo na capital, Cabul.
O país ainda se recupera de eventos sísmicos devastadores. No final de agosto, um terremoto de 6 graus no leste do país provocou mais de 2.200 mortes e deixou mais de 4.000 feridos, sendo o tremor mais letal da história recente do Afeganistão.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) aponta que 221.000 pessoas ainda necessitam urgentemente de ajuda no leste, e o Banco Mundial estima que o tremor de agosto causou danos de US$ 183 milhões em edifícios e infraestruturas.
A população afegã enfrenta uma crise humanitária agravada pela seca e pelo colapso econômico, com a fome aumentando no país, conforme alertado pela ONU e por organismos de emergência.






























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