TRF4 julga Bolsonaro por suposto racismo; ex-presidente comparou cabelo de apoiador a 'criatório de barata'
- Saimon Ferreira

- 16 de set.
- 2 min de leitura
MPF e DPU cobram indenização por declarações perto do Alvorada e em lives em 2021

Condenado na semana passada a mais de 27 anos por liderar uma trama golpista, Jair Bolsonaro volta a ser julgado nesta terça-feira — desta vez, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que analisa recurso sobre uma ação civil pública por "declarações pública de preconceito, discriminação e intolerância contra pessoas negras". O Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União pedem que Bolsonaro pague uma indenização por ter causado danos à sociedade com declarações perto do Palácio do Alvorada e em lives nas redes sociais em 2021, quando era presidente.
O MPF e a DPU querem que Bolsonaro pague pelo menos R$ 5 milhões e a União, outros R$ 10 milhões, por se tratar de uma conduta discriminatória do Presidente da República. A Justiça, em primeira instância, rejeitou a indenização por considerar que as declarações não causaram danos coletivos. O TRF4 marcou a análise do caso para esta terça, a partir das 9h.
Num dos casos citados pela acusação, Bolsonaro comparou o cabelo crespo de um apoiador negro a um "criatório de barata", em 8 de julho de 2021 — sabendo que a fala era gravada e repercutiria nas redes sociais.
— Você não pode tomar invermectina, vai matar todos os seus piolhos — acrescentou, aos risos, na ocasião, numa referência ao vermífugo defendido por ele durante a pandemia de Covid-19.
A acusação cita outros momentos, antes disso, em que Bolsonaro teria discriminado pessoas com cabelo crespo. Diante da repercussão do caso, o ex-presidente convidou o apoiador para uma live nas redes sociais. Disse que as declarações eram "piadas", perguntou quantas vezes o apoiador tomava banho por mês e destacou que ele seria deputado federal "se criarem cota para feios".
Para o MPF e a DPU, as condutas do ex-presidente "extrapolam os limites da ofensa individual e específica ao cidadão" e configuram "verdadeira ofensa estigmatizante de discriminação e intolerância a qualquer pessoa negra". O apoiador, na época, afirmou não ter se sentido ofendido e declarou não ser um "negro vitimista". A ação também cobra de Bolsonaro uma retratação pública e a retirada de manifestações discriminatórias em suas plataformas.






























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