Mudanças climáticas podem aumentar períodos de chuva e agravar cheias no RS, projeta IPH
- Saimon Ferreira

- há 2 horas
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Novo estudo do instituto reúne resultados de pesquisas que estimam como pode ser o comportamento nos cursos d’água brasileiros até o fim deste século

Períodos mais chuvosos, aumento na frequência de eventos extremos, cheias mais relevantes. Esses são alguns dos cenários projetados para o Estado nas próximas décadas em um estudo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lançado nesta terça-feira (25).
A publicação (leia aqui) foi elaborada em parceria com Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e reúne resultados de pesquisas que estimam os impactos das mudanças climáticas nos cursos d’água brasileiros. O trabalho usa dados dos últimos 50 anos para realizar projeções de cenários entre 2050 e 2100.
— Cheias em rios da Serra poderiam ter níveis 3 metros mais elevados (do que atualmente). Em Porto Alegre e região, a cheia poderia alcançar níveis entre 50cm e um metro maiores, o que superaria os sistemas de proteção atuais, com as águas invadindo novamente áreas urbanas, além de regiões não atingidas em maio de 2024 — exemplifica Rodrigo Paiva, professor do IPH e um dos responsáveis pelo estudo.
Nesse contexto, o potencial de destruição aumentaria, com prejuízos à segurança da infraestrutura hídrica, como barragens, reservatórios, estruturas de proteção contra cheias, sistemas de drenagem, saneamento básico, além de rodovias e agricultura.
Com mais chuva, pontos do Estado poderiam experimentar redução de dias consecutivos secos, diz a projeção. Outro problema identificado é que eventos extremos devem ficar mais comuns na rotina dos gaúchos.
— Um evento extremo que atualmente ocorre a cada 50 anos poderá ser registrado, no futuro, a cada 10 anos — acrescenta Paiva.
Segurança hídrica
Os autores fazem uma ressalva devido a eventuais limitações nos modelos climáticos e hidrológicos, pela ocorrência de fenômenos desconhecidos e/ou não considerados nas análises atuais. No entanto, mesmo em cenários moderados, os pesquisadores observam a alta possibilidade de riscos causados pelas mudanças climáticas.
"As projeções hidrometeorológicas atuais são suficientemente convergentes, apontando para ameaças à segurança hídrica, e têm sido corroboradas por tendências de alteração de eventos extremos recentes, como as cheias catastróficas no Rio Grande do Sul e as secas sem precedentes na Amazônia, em 2023 e 2024", diz o texto.
Os cientistas defendem a revisão da prática hidrológica atual, com a incorporação de novos critérios em projetos de infraestrutura e planejamento.
"Os gastos com reconstrução e as perdas associadas a secas e cheias podem superar grandemente os custos de medidas de preparação e prevenção", acrescenta o material.
Outras conclusões do estudo
Para o sul do Brasil é projetado condições mais úmidas no futuro, em contraste com o padrão mais seco projetado para o Norte e Nordeste;
Haverá redução na disponibilidade de água e na vazão média dos rios na maior parte do Brasil, com alterações superando 50% na região amazônica;
As projeções indicam um aumento nas chuvas intensas de curta duração (de horas a um dia, por exemplo) em praticamente todo o território brasileiro, o que deve intensificar cheias em bacias pequenas, alagamentos em áreas urbanas e movimentos de massa;
Os rios grandes e médios da Região Sul, assim como em partes do Nordeste, podem ter um aumento da vazão máxima em 20%;
As secas serão intensificadas, aumentando o número consecutivo de dias sem chuva, principalmente na Amazônia, no Nordeste e no Centro-Oeste.






























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